Termografia infravermelha para auxílio diagnóstico de dores neuropáticas
A termografia infravermelha (TI) é uma técnica de imagem não invasiva que mede a temperatura da superfície da pele com alta precisão. Através da detecção da radiação infravermelha emitida pelo corpo humano, a TI é capaz de fornecer informações valiosas sobre a fisiologia do sistema nervoso periférico e central.
Dores Neuropáticas (DN) são causadas por danos ou disfunções no sistema nervoso, que podem ser diagnosticadas por meio de exames clínicos e de imagem. A TI é particularmente útil na avaliação de pacientes com DNs, pois é capaz de detectar variações na temperatura da pele associadas a disfunções neurológicas.
Essas variações na temperatura da pele podem ser causadas por diferentes mecanismos fisiopatológicos, incluindo a disfunção do sistema nervoso autônomo, a ativação de vias inflamatórias e a alteração do fluxo sanguíneo local. Além disso, a TI pode ser usada para monitorar a eficácia do tratamento de DNs ao longo do tempo.
A interpretação dos resultados da TI requer habilidades técnicas e conhecimentos específicos em neurologia e medicina de imagem. É importante lembrar que a TI não deve ser usada como um teste isolado para o diagnóstico de DNs, mas sim como um complemento aos métodos tradicionais de diagnóstico.
Estudos recentes indicam que a TI é uma ferramenta útil para o diagnóstico de DNs com alta sensibilidade e especificidade. A técnica pode ser usada como um método não invasivo e objetivo para avaliar a função nervosa e o grau de dor em pacientes com neuropatias periféricas ou centrais.
No entanto, esses estudos também apontam para a necessidade de mais pesquisas para validar a eficácia da TI em diferentes tipos de DNs e em diferentes populações de pacientes. Além disso, é importante lembrar que a TI deve ser interpretada em conjunto com outros métodos de diagnósticos e avaliação clínica.
Síndrome do Túnel do Carpo
O Estudo Bickley et al. avaliou a eficácia da TI no diagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo (STC), comparando-a com o ECN convencional, que é atualmente o método padrão de diagnóstico para a STC.
O estudo incluiu 82 pacientes com suspeita de STC e comparou os resultados da TI com os do ECN. Os resultados mostraram que a TI teve uma sensibilidade de 73,5% e uma especificidade de 93,5% no diagnóstico da STC, enquanto o ECN teve uma sensibilidade de 82,4% e uma especificidade de 93,5%. Além disso, o estudo mostrou que a TI pode ser uma opção útil para pacientes que não toleram o ECN ou que têm limitações físicas que impedem a realização do teste.
Neuralgia do trigêmeo
A neuralgia do trigêmeo é uma condição dolorosa que afeta o nervo trigêmeo, que é responsável pela sensação da face. A TI é uma técnica de imagem que utiliza a emissão de radiação infravermelha para medir a temperatura da pele e pode ser usada como ferramenta de diagnóstico para a neuralgia do trigêmeo.
No entanto, a sensibilidade e especificidade da TI para o diagnóstico da neuralgia do trigêmeo ainda são um assunto de debate na literatura médica. Algumas pesquisas mostram que a TI pode ser útil na detecção da neuralgia do trigêmeo, enquanto outras sugerem que sua utilidade é limitada.
Um estudo publicado em 2016 no Journal of Clinical Neuroscience avaliou a eficácia da TI como um teste diagnóstico para a neuralgia do trigêmeo. O estudo incluiu 80 pacientes com suspeita de neuralgia do trigêmeo e comparou os resultados da TI com o diagnóstico clínico definitivo. Os resultados mostraram uma sensibilidade de 78,1% e especificidade de 68,4% para a TI no diagnóstico da neuralgia do trigêmeo.
Síndrome da Dor Complexa Regional
A Dor Complexa Regional (SDCR), também é conhecida como distrofia simpático reflexa. A SDCR é uma condição dolorosa crônica que geralmente afeta os membros e é caracterizada por dor intensa, inchaço e mudanças na cor da pele.
Estudos mostraram que a TI pode ter uma sensibilidade de cerca de 86% para o diagnóstico de SDCR, o que significa que pode identificar corretamente 86% dos casos da doença. Contudo, a especificidade é menor, com cerca de 60%, o que significa que há uma maior probabilidade de resultados falsos positivos. Isso significa que a TI pode identificar corretamente a presença de SDCR em muitos casos, mas também pode indicar erroneamente a presença da condição em algumas pessoas que não a têm.
Portanto, a TI não deve ser usada isoladamente para diagnosticar a SDCR, pois há outras condições que podem afetar a temperatura da pele. O diagnóstico de SDCR é baseado em uma avaliação completa dos sintomas, histórico médico e exame físico. Testes adicionais, como a cintilografia óssea ou o ECN, podem ser necessários para confirmar o diagnóstico.
Hérnia de disco lombar / Radiculopatia
No caso da hérnia de disco lombar, a TI pode ser utilizada como uma ferramenta auxiliar no diagnóstico, mas não é considerada um método diagnóstico definitivo. A sensibilidade e especificidade da TI para a hérnia de disco lombar variam de acordo com o estudo e com a metodologia utilizada.
Um estudo publicado em 2017 avaliou a eficácia da TI para o diagnóstico da hérnia de disco lombar em comparação com a RM. O estudo envolveu 38 pacientes com suspeita de hérnia de disco lombar, e os resultados mostraram uma sensibilidade de 86,2% e uma especificidade de 100% para a TI. No entanto, é importante ressaltar que esse estudo foi realizado com um número limitado de pacientes e que são necessários mais estudos para confirmar esses resultados. Outro estudo do mesmo ano mostrou que há possibilidade de detecção de hipertermia em casos de radiculopatia, confirmando a assertiva.
Outro estudo, publicado em 2020, comparou a TI com a RM para o diagnóstico da hérnia de disco lombar em 60 pacientes. Os resultados mostraram que a sensibilidade da TI foi de 68,3% e a especificidade foi de 76,9%. É importante ressaltar que esses resultados precisam ser confirmados em estudos adicionais.
Neuropatia diabética
Existem várias referências a respeito do uso da TI para o diagnóstico de neuropatia diabética, incluindo informações sobre sensibilidade e especificidade do método diagnóstico.
O artigo “Plantar Thermography is useful in the early diagnosis of diabetic neuropathy” de Balbinot et al. (2012) destaca a importância da termografia plantar no diagnóstico precoce da neuropatia diabética, uma complicação comum e debilitante associada ao diabetes mellitus. O estudo mostrou que a termografia plantar apresentou alta sensibilidade (95,6%) e especificidade (83,6%) na detecção de neuropatia diabética, além de ser uma técnica não invasiva e de baixo custo, o que a torna uma ferramenta valiosa na avaliação clínica de pacientes diabéticos.
Em uma revisão sistemática e metanálise avaliou a validade da TI para o diagnóstico precoce de neuropatia diabética em 12 estudos. Os resultados mostraram que a TI apresentou uma sensibilidade média de 82,3% e uma especificidade média de 90,2% para o diagnóstico de neuropatia diabética.
Neuropatia de fibras finas
As áreas afetadas pela neuropatia de fibras finas tendem a ter uma temperatura mais baixa do que as áreas circundantes devido à diminuição do fluxo sanguíneo e à redução da atividade metabólica. A TI pode, portanto, detectar alterações na temperatura da pele que podem ser indicativas de neuropatia de fibras finas.
A sensibilidade e especificidade da TI no diagnóstico de neuropatia de fibras finas podem variar dependendo da causa subjacente da condição e de outros fatores, como a gravidade da neuropatia e a localização dos nervos afetados. Alguns estudos relatam sensibilidade e especificidade variando de 60-90% para a TI em comparação com outros testes diagnósticos, como a biópsia de pele e testes de condução nervosa.
Os resultados de uma revisão sistemática e metanálise mostraram que a TI apresentou uma sensibilidade de 79% (63-90%) e uma especificidade de 81% (63-100%) na detecção de neuropatia de fibras finas em pacientes com dor crônica, sugerindo que pode ser uma ferramenta útil no diagnóstico da condição. No entanto, os autores observaram que a qualidade dos estudos incluídos foi heterogênea e que mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados e avaliar a eficácia da TI em diferentes populações e condições clínicas.
Fonte e imagens: Guia de Dor Neuropática – SBOT