O médico Jefferson Cunha, formado há apenas um ano, trabalha no Hospital Cristo Redentor, de Marau, e divide a rotina entre pacientes internados, enfermaria, pacientes para consultas eletivas e ambulatoriais e, ainda, plantão na Emergência da instituição. Segundo ele, a escolha pela profissão se deu ainda na infância:

– Comecei a dizer que queria ser médico com quatro ou cinco anos de idade, quando brincava. Meus pais custaram a crer que eu manteria esse sonho. Quando eu estava terminando o Ensino Médio, meu pai adoeceu e eu tive um contato mais próximo com a área da Saúde. Nesse momento, acabei tendo certeza de que realmente era o que eu queria fazer – recorda.

Para ele, além da vocação precoce, foi determinante o entendimento de que a Medicina é uma das carreiras onde mais se pode fazer pelo outro:

– A Medicina é uma atividade que vislumbra a capacidade de fazer diferença na vida de alguém, isso sempre me tocou. – afirma.

Dia a dia

Segundo Cunha, sua rotina é bem corrida, tendo um dia apenas para descanso na semana e mais de 12 horas de trabalho nos demais.

– Saio geralmente às 8h e volto às 23h, outras vezes passo a noite no hospital, quando estou de plantão, chegando a permanecer 18h por lá. Às vezes temos de abdicar um pouco ao convívio com os familiares – explica.

O jovem conta que acabam sendo várias atividades dentro de um mesmo local, com atribuições e intensidades diferentes, de uma aferição da pressão arterial em ambulatório ao socorro de um paciente com risco de morte.

– Acabamos convivendo com a adrenalina, vivenciando vários cenários, da calmaria à agitação – avalia o jovem.

Entre as emoções já sentidas em sua carreira, o médico se recorda de uma paciente oncológica que chegou em emergência e teve a felicidade de dizer para ela que poderia ir para casa depois de uma semana de tratamento.

Telemedicina

O médico define a inserção da tecnologia como um dos principais desafios da profissão na atualidade.

– Estamos cada vez mais aptos a monitorar a saúde digitalmente. Tecnologias permitem aferir a pressão arterial em milésimos de segundos e, com isso, mapear os riscos que podemos ter nos próximos anos de problemas cardiovasculares. O desafio é estarmos preparados para poder interagir com novos instrumentos que teremos na medicina. Você pode acessar uma tela de consulta ou monitoramento de qualquer lugar do mundo. Quando viajamos, por exemplo, o paciente com este recurso não fica desassistido. Sem falar na questão da democratização do acesso a regiões onde antes o atendimento não
chegaria. A telessaúde é um ganho.

O médico lembra que o Rio Grande do Sul tem a teleoftalmo, que é um case conhecido nacionalmente, pelo feito de praticamente zerar a fila do atendimento oftalmológico.

– Sem dúvida, a telemedicina vai ganhar cada vez mais espaços – frisa.

Segundo ele, os recursos tecnológicos para aplicação na saúde fizeram parte da sua formação. Durante a faculdade, em 2020, o jovem teve uma experiência em plena pandemia, quando foi montada uma plataforma para atendimento que, hoje, já soma mais de 16 mil consultas.

– Inicialmente, era uma alternativa apenas para médicos, depois evoluímos para atendimento com psicólogos e nutricionistas e passamos a atender pacientes de várias partes do país. Diversos pacientes disseram que não teriam acesso à saúde em suas cidades e a telemedicina proporcionou a eles a resolução do problema ou encaminhamento.

Matéria do Norte e Noroeste em Pauta, Edição nº 27, Ano 04, de 07 de outubro de 2022.